Comunidades de startups: entenda a importância Comunidades de startups: entenda a importância

Comunidades de startups: entenda a importância

A comunidade deve pensar iniciativas de desenvolvimento e alcance do ecossistema, fazendo a mudança de drive cultural que o ecossistema busca

Por Lucas Euzebio e Layon Lopes*

Não faz muito tempo no Brasil que falar em startups e empresas de tecnologia era considerado algo estranho. De fato, nos últimos três, quatro anos tivemos um boom de palavras estrangeiras, como CEO, hackathon, demoday e startup weekend, (entre outros). Hoje, as startups cada vez mais se consolidam no cotidiano de muitas pessoas, não apenas empreendedores. Esse fenômeno fortalece as comunidades de startups e o próprio ecossistema de tecnologia e inovação, como cita Brad Feld em seu livro “Startup Communities”:

Startups são o núcleo de tudo o que fazemos. A vida de um indivíduo é uma startup que começa no momento do nascimento. Cada cidade já foi uma startup, cada empresa, cada instituição e cada projeto. Como seres humanos, estamos conectados para começar as coisas.

Voltando novamente ao passado, há cerca de 10 anos, o cenário brasileiro já permitia se falar em ecossistema de startups e era possível identificar players de nichos diferentes e regimentos em uma proporção menor que atualmente, claro.

É preciso fazer uma distinção, ressaltando que ecossistema de startups não é o mesmo que comunidades de startups. O primeiro é o lugar onde vamos fazer networking, encontrar soluções, recolocação no mercado, concursos, eventos educacionais, etc. Uma gama incrível de pessoas oriundas de empresas, universidades, órgãos públicos e outros lugares que se unem formando o ecossistema, com o intuito de desenvolver o propósito de cada um.

Quando falamos de comunidade de startups, o objeto primário de seus membros ativos é o propósito de desenvolvimento do próprio ecossistema e oxigená-lo com a introdução da cultura. Desta forma, o foco está em gerar novas lideranças em movimentos (majoritariamente voluntários) para engajar mais pessoas em diversas regiões de um mesmo estado. O grupo formado na comunidade tem como missão pensar junto iniciativas de desenvolvimento e alcance do ecossistema, fazendo a mudança de drive cultural que o ecossistema busca.

Normalmente, as comunidades de startups são criadas por regiões, pois cada estado possui sua própria realidade, cases de empresas, dores de mercado, etc. Ainda, não é raro termos comunidades de startups por região dentro do estado, como as comunidades focadas na Serra, litoral e capital. O último grupo trabalha em conjunto pelo mesmo propósito estadual, mas com pontos de contatos locais.

Uma maneira de buscar mais pessoal para as comunidades de startups é a realização de eventos de imersão, que servem como uma porta de entrada para quem está fora do ecossistema e busca ingressar. Nesse tipo de evento, os participantes aprendem em 54h a jornada do herói na startup e também são identificados líderes locais de iniciativas, mentores e empresas.

Quando esses eventos acabam, aí entram as comunidades de startups com força, dando continuidade ao onboarding desse novo membro de ecossistema ao apresentar iniciativas locais, grandes cases, referências, principais problemas do estado e como a comunidade pode propor soluções em conjunto para tentar resolvê-los.  

Ok, entendi o conceito de ecossistema e comunidade. Mas, afinal qual a importância de uma comunidade de startups

Hoje, o Brasil se destaca pelo crescimento de seu ecossistema de tecnologia e inovação e o potencial de suas startups despertam cada vez mais o interesse de investidores estrangeiros. O Rio Grande do Sul, segundo maior polo do setor, conta com mais de 950 startups de acordo com o mapeamento da Região Sul, realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartup). 70% das empresas gaúchas estão em fase early-stage, período de de ideação e pré MVP. 

Startups neste estágio possuem uma alta taxa de mortalidade. A maioria não supera o “vale da morte” e tão pouco consegue colocar um produto na rua. E onde entra a comunidade nisso? Pois é, cabe a comunidade de startups auxiliar na conversão desses números! 

Neste momento, os líderes de comunidade podem e devem conectar os novos entrantes com os players que possuem muita bagagem e experiência, fazendo com o conhecimento seja compartilhado e auxiliar na sobrevivência da startup e garantir que o empreendedor consiga tocar seu negócio com o mínimo de conhecimento. 

Outro exemplo que podemos citar para explicar o papel da comunidade de startups é o fato que muitos empreendedores não fazem o registro de marca, contrato social ou não sabem a hora de buscar investidores. Essas ações levam os empreendedores a escolherem qualquer pessoa como sócio, achar que o investimento é para sobreviver e não alavancar o negócio, entre outros erros empreendedores mais experientes e cases de sucesso poderiam orientá-los a não cometer.

Renovar é preciso

Como nem tudo é perfeito, ecossistemas e comunidades de startups também possuem problemas, afinal, não é uma realidade paralela. Não é incomum pessoas que buscam se aproximar de comunidades a fim de adquirir visibilidade ou um “ganho rápido”. 

Em 90% dos casos, isso não acontece e, com o passar do tempo, a comunidade vai se formando com quem realmente tem o propósito alinhado. Brad Feld, em seu livro já citado por aqui, relata que a auto renovação do ecossistema existe e tem um papel fundamental, pois não se pensa em ações de comunidade e ecossistema buscando o curto prazo. 

Essas ações são recorrentes e devem mostrar resultado médio e longo prazo, como cinco, 10 e 15 anos, sendo importante a renovação. E é quase impossível termos os mesmos líderes de comunidade de startup durante todo esse período. Por isso, se fala muito na “passagem de bastão” e ela é extremamente saudável, uma vez que o líder experiente ainda poderá aconselhar e ajudar o líder que irá tomar a frente no futuro.

Para Feld, a maneira como as comunidades de startups são criadas e evoluídas mudou profundamente como resultado de nossa sociedade interconectada. É fundamental compreender essa transformação no que se refere à economia e à inovação, pois ela não está diminuindo a curto prazo e sim aumentando. 

Por fim, comunidades de startups são a cultura baseada no give first e give back, conceito fundamental de dar sem esperar nada em troca. Parece alto contra intuitivo, mas os líderes de comunidades de startups buscam desenvolver as empresas localmente e gerar impacto positivo e cultural.

Desta forma, o principal conselho para quem deseja ingressar nesse universo é: procure a sua comunidade de startups na região em que você se encontra. Ela é a coisa mais importante que você possui, segundo Feld.

Dúvida? A equipe do Silva | Lopes Advogados pode te ajudar!

*Lopes é CEO do Silva | Lopes Advogados e Euzebio é integrante do time.

 

PODCAST

Formação de time e cultura [com Juliano Murlick (Triider), Pedro Flach (ThoughtWorks) e Lilian Natal (Distrito)]