Por Layon Lopes*
O atual mercado de investimentos possui muito mais startups e empresas de inovação buscando investidor do que há pouco anos. Porém, por mais que o mercado esteja superaquecido, existem muitas possibilidades de investimento. Entretanto, para o investidor desembolsar seu dinheiro e aplicá-lo em uma empresa, há um longo caminho a ser percorrido por esta empresa. Ela precisa está preparada para receber o aporte e, sobretudo, mostrar para o investidor que seu negócio é seguro e rentável.
Existe uma série de complexibilidades por trás dos investimentos. Uma delas é entender e verificar se quem vai receber o dinheiro tem estrutura para tanto. O primeiro passo que o empreendedor deve dar é o cuidado com o plano de negócios da empresa, uma vez que o investidor quer ter a segurança de que aquela startup vai seguir o roadmap – este por sua vez deve estar bem definido. Ou seja, o investidor quer ter a garantia de que o seu dinheiro não será utilizado para outros fins que não o crescimento da empresa.
As métricas são essenciais para a startup demonstrar de que forma vai gastar este valor aplicado nela e o que vai atingir com ele, pois o investimento serve para que o dinheiro entre na empresa e ela consiga alcançar uma determinada etapa. Existem diversas métricas que um investidor analisa antes de decidir se vai apostar em uma empresa, como por exemplo indicar o custo de aquisição de cliente, qual é o tempo de vida do cliente, qual é o custo para fazer uma venda e a diferença entre o número de novos usuários e de pessoas que deixaram a plataforma da startup. Se bem desenhadas, as métricas vão dar confiança ao investidor. Ele conseguirá visualizar qual é a realidade da empresa e se ela conseguirá melhorar as métricas.
Outro ponto importante é a questão jurídica de uma startup, muitas vezes negligenciadas. Muitos empreendedores entendem o setor jurídico como um insumo, colocando-o dentro do cálculo de despesas. Este é um grande erro.
A partir do momento em que o empreendedor coloca o jurídico como uma base estratégica, entendendo-o como um investimento, ele torna sua startup mais receptiva para o mercado e para investidores de uma forma mais estruturada.
Entre as questões ligadas ao setor jurídico e que serão observadas pelo potencial investidor está o arranjo societário, que mostra quem está por trás daquele negócio: quem são os sócios e quem tem eventualmente alguma participação presente ou futura na empresa.
Há diversos documentos que são utilizados para que a empresa consiga fazer um controle e organização da sociedade, das participações, quotas, ações e etc. Entre eles, está o contrato social.
Este, por sua vez, define as obrigações dos sócios com a sociedade e as obrigações da sociedade com os sócios. São normas e regulações societárias que devem estar presentes neste contrato.
Se o contrato social não estiver muito bem estruturado, ele pode se transformar em uma pedra no caminho da empresa rumo ao investimento. Uma vez que o contrato social não tenha as obrigações específicas para cada caso, pode fazer com que o investidor perceba que o contrato não apresenta uma proteção mínima para ele, e acabe recuando.
Já o acordo de sócios vai definir somente a relação entre os sócios. Este acordo tem o cunho específico de cuidar de alguns pontos, como por exemplo stock option plan. Empresas com grande potencial definem cláusulas específicas onde se beneficia,l ou se dá bônus para determinados sócios/empresários/diretores da sociedade. O stock option é um mecanismo bastante característico de empresas de tecnologia.
Quando estiver analisando a startup em que está interessado em aplicar dinheiro, o investidor irá verificar se existe alguma bonificação deste tipo, como foi distribuída e como ela ocorre. Se este ponto não estiver bem definido, assim como o cap table, pode ser um empecilho para a negociação.
A startup deve estar atenta ainda a propriedade intelectual. Certificar-se de que a marca, patentes, domínios e contratos com desenvolvedores estão devidamente registrados é essencial antes de buscar um investidor.
Na maioria dos casos, a tecnologia é insumo da atividade empresarial. Atualmente, a tecnologia à disposição se tornou commodity, uma vez que a maioria das empresas possuem sites, aplicativo e etc. A parcela da tecnologia como ativo está relacionada ao desenvolvimento da própria tecnologia, o que não ocorre na maioria dos casos. Podemos citar como exemplo uma empresa que atua no setor de varejo, mesmo possuindo um e-commerce, na qual o ativo não é o próprio código-fonte da plataforma. É o plano de comércio, a forma como vende o produto e provavelmente, a marca o seu maior ativo.
Muitas empresas não dão início ao processo de registro de marca e, lá na frente, quando começam a crescer realmente, enfrentam diversos problemas como o roubo de marca, por exemplo. A empresa que estampa seu produto ou serviço e deixa desregulado não está criando uma identidade, pois o que não é registrado é de bem comum.
As patentes também são protegidas por registro e possuem prazos, sendo necessária uma gestão correta. A empresa também deve prestar atenção nos domínios. É comum que, no início da jornada, o empreendedor utilize seu CPF para registrar o domínio.
Outro fator importante dentro da propriedade intelectual é o contrato, que deve estar com formato bastante claro para desenvolvedores. Nele deve constar de forma clara que aquela propriedade intelectual foi desenvolvida para empresa e é de propriedade da mesma, podendo ser utilizada somente por ela.
A rede contratual da startup também deve estar muito bem alinhada, com relações contratualizadas, contratos padrões, termos de uso, políticas de privacidade e contratos de trabalho bem definidos.
Alguns dos pontos que o investidor irá verificar são quais os dados coletados pela empresa; se a mesma possui autorização para coletar e como usa eles; quais os contratos que utiliza e se o negócio é de cauda longa ou curta.
O mercado no qual mais entra investimentos é o B2B (business to business), por ser geralmente um negócio de cauda longa, e com pouco risco da empresa perder sua base de cliente de uma hora para outra.
Startups possuem por característica o crescimento escalável, e por isso os contratos de trabalho também merecem atenção redobrada. Principalmente nos casos de empresas em fase de escalonamento.
Por fim, estão as questões tributárias e de contabilidade. O investidor precisa estar certo de que a empresa possui uma contabilidade auditável e que o recolhimento dos tributos está correto.
Todos este pontos citados servem para que a empresa consiga demonstrar para o investidor que o negócio é seguro e rentável e que ele pode aplicar seu dinheiro sem medo.
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Foto: Divulgação.
*Lopes é CEO do Silva | Lopes Advogados.