*Por Willian de Rosso e Layon Lopes
Recentemente, a multinacional norte-americana Uber apareceu em destaque na mídia por ter arrecadado aproximadamente US$ 75,5 bilhões em seu processo de IPO. Esta notícia espalhou-se rapidamente nas redes sociais, levantando o questionamento de curiosos sobre o que seria um IPO.
“IPO” é o termo utilizado para abreviar Initial Public Offering, ou, no bom português, Oferta Pública Inicial. É através deste procedimento que uma empresa abre seu capital na bolsa de valores, com o objetivo que suas ações possam ser negociadas.
As razões para uma empresa abrir seu capital são as mais diversas, mas os principais motivos são: a captação de recursos a um custo reduzido, melhora da imagem institucional, aperfeiçoamento de controles internos, relacionamento com o mercado e implementação de um processo de Governança Corporativa.
Ou seja, realizar um IPO para uma empresa é, sem dúvida nenhuma, uma profissionalização forçada da empresa, que deverá regularizar os procedimentos internos, criando Conselhos e Comissões de fiscalização, instituição de responsáveis para relacionamento com acionistas e com o próprio mercado, bem como se deixar ser fiscalizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável pela normatização e fiscalização de todo o mercado de valores mobiliários no Brasil.
Entretanto, é importante destacar que não é qualquer empresa que poderá abrir o seu capital, de forma que só aquelas realmente preparadas e de acordo com as exigências impostas pela Lei e pela CVM poderão realizar um processo de IPO.
Não entanto, ainda que um dos motivos para realização de um IPO seja a captação de recursos a um custo reduzido, não se deixe enganar, dado que os custos médios envolvidos para a estruturação da oferta ao mercado é de 1 a 6% sobre o valor total da oferta, ou seja, em um IPO de R$ 670.000.000,00, por exemplo, os custos giram em torno de R$ 45.000.000,00.
Os custos despendidos para um IPO são, por exemplo, custos com consultores, advogados, auditores, taxas da CVM, B3 e ANBIMA, e, por fim, publicidade.
Com base em todas estas informações, é importante ainda referir que o melhor momento para que uma empresa decida realizar seu processo de IPO é quando esta identificar em seu futuro, próximo ou nem tanto, que irá precisar de recursos para investimento.
Recursos obtidos através de um IPO são muito mais vantajosos, apesar dos altos custos incorridos no processo, em comparação aos recursos obtidos através de bancos convencionais com juros estratosféricos de conhecimento comum.
Além da constatação de futura necessidade de recursos, o empreendedor que deseja abrir seu capital também precisará levar em consideração o porte de sua empresa, ou seja, se esta está apta (estruturada) a receber um investimento.
Entretanto, um processo de IPO nem tudo é vantagem para o empreendedor e para empresa. Antes de abrir o seu capital, mesmo que observado todos os requisitos e procedimentos necessários, ainda assim é preciso contar com a boa recepção do mercado de ações, ou seja, é preciso avaliar se a abertura do seu capital será bem visto pelo Mercado.
Dependendo do ramo da empresa, o processo de abertura de capital pode ser um tiro no pé, dado que seus concorrentes terão acesso a todas as informações contábeis e estratégicas da empresa. Esta situação agrava-se ainda mais se as empresas concorrentes não possuem seu capital aberto na bolsa.
Não menos importante, abrir o capital no mercado de ações, na prática, nada mais é do que aceitar ter milhares de novos sócios. O Novo Mercado, um dos segmentos da listagem oferecida pela BM & F Bovespa para classificação de boas práticas da empresa listada no mercado de ações, exige, entre outros requisitos, o mínimo de 25% de ações da empresa livres para negociação no mercado.
Assim, é de suma importância ter em mente que estes novos acionistas possuirão relevante poder de decisão na companhia, sendo imprescindível a empresa possuir um responsável pelo relacionamento com estes acionistas.
Definitivamente o processo de IPO não é para qualquer um, de forma que apenas as maiores encontram-se listadas na bolsa. Entretanto, o processo de profissionalização e os custos envolvidos certamente fazem valer a pena realizar um IPO.
Ficou com alguma dúvida em relação à abertura de capital? A equipe do Silva | Lopes Advogados está à disposição para te auxiliar.
*Lopes é CEO do Silva | Lopes Advogados e Rosso é integrante da equipe do escritório.
Fonte: Divulgação.