Reforma tributária: o impacto em Instituições de Pagamento e Financeiras

Entenda o regime de tributação específico, o fim do ISS sobre serviços financeiros e os desafios de adaptação que aguardam bancos, fintechs e instituições de pagamento.

Reforma tributária: o impacto em Instituições de Pagamento e Financeiras Reforma tributária: o impacto em Instituições de Pagamento e Financeiras

Aprovada e promulgada, a Reforma Tributária representa a mais profunda reestruturação do sistema de impostos sobre o consumo no Brasil das últimas décadas. Enquanto as regras gerais do novo modelo, que extingue cinco tributos para criar um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, já são conhecidas, um setor em particular aguarda com atenção a definição de suas regras específicas: o de serviços financeiros.

Instituições de Pagamento (IPs) e Instituições Financeiras (IFs) não seguirão o regime padrão do novo sistema. Elas terão uma tributação específica, cujos detalhes estão sendo definidos nas leis complementares. Entender as propostas e os possíveis impactos dessa mudança é crucial para a sobrevivência e competitividade no novo cenário fiscal.

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O fim do modelo atual: como a Reforma tributária vai acabar com o PIS, COFINS e ISS

Atualmente, as instituições financeiras e de pagamento operam majoritariamente no regime cumulativo de PIS e COFINS, com uma alíquota somada de 4,65% sobre suas receitas brutas, sem direito a créditos. Além disso, sobre muitos de seus serviços (como taxas de administração de cartões, fundos, etc.), incide o Imposto Sobre Serviços (ISS), com alíquotas que variam de 2% a 5% e uma complexa disputa de competência entre municípios. A Reforma Tributária propõe o fim desses três tributos, que serão substituídos pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) em nível federal e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) em nível estadual e municipal.

 

 

O regime específico para o setor financeiro: o ponto central da mudança

O ponto mais importante para o setor é que ele não será tributado pelo sistema de débito e crédito do IVA padrão. A natureza da intermediação financeira, onde o “valor agregado” não é claro como na indústria ou no comércio, torna o modelo tradicional inaplicável. Por isso, a Emenda Constitucional da Reforma já previu um regime de tributação específico para serviços financeiros, securitários e de capitalização.

O objetivo declarado pelo governo é manter a carga tributária atual do setor, sem aumentos ou reduções significativas. A expectativa é que a nova tributação (CBS e IBS) para essas instituições também incida sobre a receita, mas com alíquotas diferenciadas e uma base de cálculo específica, que ainda será detalhada em lei complementar. O grande debate atual gira em torno da definição dessa base de cálculo e das alíquotas que garantirão a neutralidade da carga tributária.

 

Principais impactos esperados com a Reforma tributária para as instituições de Pagamentos e Financeiras

O primeiro grande impacto positivo será o fim da cobrança do ISS. Isso encerrará a chamada “guerra fiscal” entre municípios sobre onde o imposto sobre serviços financeiros deve ser recolhido. A substituição pelo IBS, com suas regras de cobrança no destino, trará uma imensa simplificação e segurança jurídica para as operações, reduzindo custos com compliance e litígios.

Contudo, o principal desafio é a incerteza sobre as novas alíquotas e a base de cálculo. Uma pequena variação percentual pode representar um impacto financeiro bilionário para o setor. Além disso, a transição exigirá um investimento maciço em tecnologia e na adaptação de sistemas contábeis e fiscais para atender às novas exigências de apuração e reporte da CBS e do IBS. A forma como cada produto financeiro (crédito, investimentos, meios de pagamento) será tributado poderá, inclusive, influenciar modelos de negócio e a precificação dos serviços.

 

 

O período de transição e os próximos passos

A mudança não será imediata. A Reforma Tributária estabelece um período de transição que começará em 2026 e se estenderá até 2032. Durante esses anos, o sistema atual e o novo conviverão, com as alíquotas dos tributos antigos sendo gradualmente reduzidas e as do novo sistema, aumentadas. Para as empresas do setor, o momento atual é de planejamento. É fundamental realizar diagnósticos internos para simular o impacto dos possíveis cenários tributários, acompanhar de perto as discussões das leis complementares e preparar as equipes e sistemas para a maior mudança fiscal da história do país.

A Reforma Tributária coloca as instituições de pagamento e financeiras diante de um cenário complexo. Por um lado, há o desafio da incerteza sobre as regras do jogo e os altos custos de adaptação. Por outro, surge a oportunidade histórica de operar em um ambiente fiscal mais simples, transparente e com menos litígios, especialmente com o fim do ISS. A chave para navegar por essa transformação será o planejamento proativo e a capacidade de adaptação rápida às novas regulamentações.

 

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