Apenas 14 mulheres ocupam o cargo de Diretora Presidente em instituições reguladas pelo BC

Levantamento inédito mostra que, embora 41,2% das fintechs tenham mulheres em cargos de diretoria, a maioria das cadeiras de decisão ainda é ocupada por homens

Apenas 14 mulheres ocupam o cargo de Diretora Presidente em instituições reguladas pelo BC Apenas 14 mulheres ocupam o cargo de Diretora Presidente em instituições reguladas pelo BC

O setor de fintechs é um dos mais inovadores e dinâmicos do Brasil, movimentando bilhões de reais e transformando a relação das pessoas com os serviços financeiros. Ainda assim, carrega uma contradição: a presença feminina em cargos de liderança, embora crescente, continua desigual.

Para embasar os dados trazidos, foram analisados cargos públicos disponíveis no Banco Central, além de pesquisa espontânea com mulheres que trabalham em Fintechs.

O levantamento inédito do movimento Women in Fintech: Agora é a nossa vez revelou que apenas 14 mulheres ocupam o cargo de Diretora Presidente em todas as Instituições de Pagamento, Sociedades de Crédito Direto (SCDs), Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEPs) e Instituidores de Arranjo de Pagamento autorizados pelo Banco Central. O estudo foi lançado nesta segunda-feira, dia 29, durante a Semana Caldeira.

Das 354  empresas analisadas, 41,2% contam com pelo menos uma mulher na diretoria. Em média, a participação feminina representa 37,8% das cadeiras. O recorte geográfico também reforça a concentração: São Paulo reúne 63,9% das mulheres diretoras do setor, seguido de longe por Minas Gerais (6,4%), Santa Catarina (5,1%) e Rio Grande do Sul (5,1%). Entre as exceções positivas estão empresas como CDC, Dlocal, Mova, NVIO e PagCerto, que contam com 100% de diretoras femininas.

 

 

A pesquisa espontânea com 103 mulheres do setor confirma esse cenário e acrescenta nuances. Para as respondentes, o maior obstáculo não é técnico, mas cultural. Mansplaining, a necessidade constante de provar credibilidade e a ausência de referências femininas em cargos estratégicos foram apontados como barreiras recorrentes. Apesar disso, também apareceram caminhos de superação: preparo técnico, autoconfiança, networking e mentoria vêm fortalecendo a presença feminina no setor.

O Women in Fintech é um movimento lançado pelo Silva Lopes Advogados com o objetivo de mapear, dar visibilidade e ampliar o impacto da força de trabalho feminina no mercado de fintechs e pagamentos. A iniciativa une dados oficiais, pesquisa direta com profissionais e depoimentos de mulheres que já ocupam posições de liderança, transformando informação em instrumento de mudança cultural e estratégica.

A diversidade de gênero não deve ser vista apenas como justiça social, mas como estratégia de inovação e competitividade para o futuro das fintechs no Brasil. A presença feminina já é realidade, mas ainda não é proporcional. Agora é a nossa vez.

Clique aqui para conferir o mapeamento completo.

Manifesto

O setor de fintechs é hoje um dos mais inovadores e dinâmicos do Brasil, responsável por impulsionar novos modelos de negócio, ampliar a inclusão financeira e desafiar o sistema tradicional. No entanto, mesmo em um ambiente marcado pela transformação, ainda persistem barreiras históricas à presença feminina em posições de liderança.

Para demonstrar esta impressão, uma pesquisa inédita conduzida pelo movimento Women in Fintech: Agora é a nossa vez trouxe à tona esse contraste, a partir de formulários abertos e pesquisa pública realizada com o banco de dados do Banco Central: a pesquisa pública demonstrou que embora 41,2% das empresas reguladas pelo Banco Central já contem com mulheres em cargos de diretoria, a maioria das cadeiras de decisão segue ocupada por homens. E entre todas as instituições analisadas, apenas 14 mulheres ocupam o cargo de Diretora Presidente.

Por outro lado, no levantamento com 103 profissionais do setor revela um perfil feminino altamente qualificado: 63,1% possuem pós-graduação ou MBA, a maior parte tem entre 26 e 35 anos (53,1%), e a formação predominante está em Direito (50,5%) e Administração (15,5%). A maioria atua em empresas de porte médio, do segmento de pagamentos e infraestrutura, sustentando operações críticas e estratégicas.

A pesquisa inédita é um dos pilares do Women in Fintech, que nasceu de forma orgânica, a partir de um encontro promovido pelo Silva Lopes Advogados com mulheres que já atuam no setor. Daquele momento surgiu a clareza de que era preciso ir além do discurso e criar uma iniciativa estruturada para dar visibilidade à atuação feminina.

Mas o Women in Fintech vai além: o movimento existe para exaltar conquistas, ouvir histórias e apoiar trajetórias, fortalecendo uma rede que se retroalimenta de exemplos e referências.

O Women in Fintech também se expressa em outros formatos, como em forma de websérie no YouTube, trazendo as histórias e percepções das embaixadoras do projeto, painéis e encontros exclusivos para mulheres, e seguirá se expandindo em novas ações que consolidam essa causa como parte essencial do ecossistema. Não é um projeto com começo e fim, mas um compromisso contínuo.

Mais do que falar de diversidade, o movimento reafirma que a liderança feminina é um diferencial estratégico para empresas que querem inovar, crescer e se preparar para o futuro.

Agora é a nossa vez: de valorizar e potencializar a contribuição feminina que transforma o mercado brasileiro de fintechs.