Devo implementar tecnologia no departamento jurídico?

O uso de tecnologia no departamento jurídico poderá ser refletido em melhores números de resultados da empresa

Devo implementar tecnologia no departamento jurídico? Devo implementar tecnologia no departamento jurídico?

Por João Paulo Fontoura, Pedro Branco e Layon Lopes*

É bastante comum, em empresas de base tecnológica, que durante o período inicial das suas operações, as demandas jurídicas sejam totalmente conduzidas por advogados externos. Porém, conforme o crescimento da empresa, aumenta também o número de demandas jurídicas e o seu grau de complexidade e de personalização frente ao seu modelo de negócio. Desta forma, inevitavelmente, chega o momento em que a empresa precisa de uma assessoria mais próxima das suas rotinas. Estrategicamente, é chegada a hora de formar o seu próprio jurídico interno.

Ao iniciar a estruturação do jurídico interno, a empresa pode enfrentar alguns inúmeros e relevantes desafios. O primeiro deles se mostra ainda na definição do escopo e da forma de atuação: sendo a advocacia uma prática habitualmente marcada pela tradição, como alinhar a cultura inovativa e tecnológica da sua empresa com o departamento jurídico interno? Havendo um mínimo de alinhamento cultural, é preciso selecionar seus integrantes. Então surge o questionamento, o que um advogado interno precisa saber sobre tecnologia para performar bem dentro da empresa? E, por fim, mesmo a advocacia sendo, de modo geral, uma atividade tão tradicional e não habituada à tecnologia, faz sentido a empresa implementá-la em seu departamento jurídico?

A tecnologia não possui um valor em si mesma. Em poucas palavras, a técnica não possui um valor intrínseco. Seu valor e reflexo na realidade está na forma com que é utilizada e nos significados que lhes são atribuídos pelas pessoas. Isto quer dizer que apenas adicionar tecnologia no departamento jurídico de modo não estruturado e sem estratégia dificilmente trará algum resultado expressivamente satisfatório à empresa ou senso de sentido aos seus colaboradores.

Estruturado o departamento jurídico interno, preferencialmente norteado por procedimento ágil, a tecnologia é uma importante ferramenta tanto para (i) ganho de eficiência nos procedimentos internos quanto para (ii) geração de dados a serem analisados, a fim de que a tomada de decisões estratégicas seja melhor fundamentada.

Desse modo, apesar de não haver qualquer obrigatoriedade no uso de tecnologia pelo departamento jurídico interno de sua empresa, a sua implementação pode trazer expressivas vantagens, dentre as quais:

  • Ganho de eficiência operacional, através de sistematização e automatização dos processos (principalmente em procedimentos de baixa complexidade e alto volume);
  • Melhor alocação de tempo dos colaboradores em atividades de média-alta complexidade que realmente geram valor à operação da sua empresa;
  • Redução do número de falhas operacionais, uma vez que os responsáveis pela gestão de qualidade e gerenciamento de tempo poderão contar com ferramentas mais acuradas e metodologias mais eficientes para auferir a qualidade da operação;
  • Comunicação mais clara entre os colaboradores e maior fluidez da informação dentro do seu departamento jurídico interno, uma vez que os colaboradores não serão o único depositário do conhecimento da sua operação (sistema que utilize ferramentas de registros de informações na forma de linha do tempo e tarefas, por exemplo);
  • Centralização das informações, de modo que o conhecimento da sua operação jurídica não fique isolada e dependente de diferentes colaboradores ou de diferentes ferramentas de gestão de processos;
  • Maior segurança sobre os dados, tanto pessoais (protegidos pela LGPD) quanto confidenciais para sua empresa;
  • Detecção de cada passo dos processos da sua operação jurídica a fim melhorá-la tanto sob o aspecto de procedimentos quanto no aspecto de qualidade; e
  • Geração de dados sobre o seu departamento jurídico interno para tomada de decisões estratégicas melhor fundamentadas.

Além das vantagens acima mencionadas, que estão bastante próximas à segurança e gestão, outro ganho expressivo gerado do uso de tecnologia no departamento jurídico interno da empresa se refere ao conhecimento utilizado pelo advogado. A tecnologia é capaz de trazer um ganho de velocidade tanto em consultas a leis e decisões dos tribunais quanto no exercício direto da advocacia perante a administração pública e perante os tribunais.

Mudanças, mesmo que para melhor, não são fáceis de serem decididas e executadas. Ainda assim, no final do dia, o uso de tecnologia pelo seu departamento jurídico poderá ser refletido em melhores números de resultados da empresa, melhor ambiente de trabalho aos colaboradores e melhor tomada de decisão pelos gestores da empresa.

Dúvidas? A equipe do Silva Lopes Advogados pode te ajudar!

* Lopes é CEO do Silva Lopes Advogados, Chaves Barcellos é sócio do escritório e Fontoura é integrante do time.

 

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