Startups familiares: como aplicar a governança corporativa Startups familiares: como aplicar a governança corporativa

Startups familiares: como aplicar a governança corporativa

É possível assegurar-se de que a tomada de decisões estratégicas em uma empresa familiar não está sendo comprometida por aspectos externos ao negócio?

Por Renan Raffo e Layon Lopes*

Empreender não é tarefa fácil. Justamente por isso, é bastante comum que aqueles que se arriscam nesta jornada busquem constituir sociedade com pessoas de seu círculo mais próximo, criando startups familiares. Neste horizonte, as sociedades familiares são uma estrutura muito recorrente no ecossistema de startups. Entretanto, embora o elemento da confiança entre os sócios seja muito importante para que se possa alavancar uma sociedade, é de extrema importância que, no âmbito corporativo, estas relações tão íntimas não afetem o andamento do negócio e, especialmente, a tomada de decisões dos gestores.  O foco deve ser sempre a startup – ainda que, muita vezes, isso possa abalar as relações familiares. Por isso, é extremamente importante prevenir-se quanto a este aspecto, sendo a governança corporativa uma boa estratégia para startups familiares.

Uma maneira muito assertiva de fazê-lo se dá por meio da elaboração de diretrizes que pautem a conduta e a performance esperada dos sócios e colaboradores, o que pode ser formalizado através de uma política de governança corporativa. A governança corporativa, em geral, consiste em uma série de regras de conduta pelas quais os agentes de uma corporação devem guiar-se quando do exercício de suas atribuições. Estas diretrizes determinam, de forma objetiva, as boas práticas que devem ser observadas e cumpridas no transcurso da atividade empresarial, visando, sobretudo, pela transparência e qualidade da gestão e da estrutura corporativa. 

Atualmente, mais do que em qualquer outro momento da história, a discussão acerca da lisura na gestão de corporações tem sido tema central para diferentes segmentos – sejam consumidores, colaboradores internos, órgãos de controle e fiscalização ou potenciais investidores. Portanto, qualquer startup que deseje crescer a escalar de forma saudável, pautada em princípios de ética e de governança conectados à realidade dos tempos atuais, deve, constantemente, realizar o exercício de detectar os focos de potenciais impasses e conflitos em sua gestão, e buscar solucioná-los, de forma preventiva, evitando que estes se transformem em situações concretas que afetem a gestão empresarial.

Especialmente acerca de startups familiares, é fundamental que, desde o primeiro dia do negócio, haja um grande alinhamento de expectativas entre os sócios acerca dos deveres que cada um terá na organização, bem como do plano de negócios que se pretende executar. Evidentemente, discordâncias fazem parte do caminho de qualquer sociedade. No entanto, é notório que, em empresas geridas por parentes, situações de desentendimento podem transformar-se em episódios de grandes rachas na corporação, vindo a afetar não apenas as relações pessoais, mas, principalmente, a tomada de decisões do ponto de vista estratégico para a empresa. Isto porque, inevitavelmente, estas relações estão acompanhadas de um vínculo afetivo e de uma série de interesses e expectativas que ultrapassam o âmbito profissional – os quais, de forma muitas vezes sutil, podem embaralhar a visão do ponto de vista empresarial.

Como assegurar-se, então, de que a tomada de decisões estratégicas em uma empresa familiar não está sendo comprometida por aspectos externos ao negócio? Como garantir que eventuais conflitos de interesses sejam ultrapassados em prol daquilo que é melhor para a empresa? Não há, evidentemente, uma receita única para isso, ainda que, sem dúvidas, a transparência nas relações e na tomada de decisões seja elemento fundamental. E uma política de governança corporativa robusta, em conjunto, por exemplo, a um acordo de sócios bem estruturado, podem ser grandes remédios para resolver os conflitos que surgirão ao longo do caminho, conferindo a solidez necessária para que a sociedade não se desvirtue do propósito do negócio.

Dúvidas? A equipe do Silva | Lopes Advogados pode te ajudar!

*Lopes é CEO do Silva | Lopes Advogados e Raffo é integrante do time do escritório.

 

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