Entenda a Análise Fundamentalista de Investimentos em startups

Amplamente utilizada no mercado, a Análise Fundamentalista recorre a índices econômicos para calcular o valuation de uma startup em rodadas de investimento

Entenda a Análise Fundamentalista de Investimentos em startups Entenda a Análise Fundamentalista de Investimentos em startups

Por Victória Goldenfum e Layon Lopes*

Com o aquecimento do mercado de investimentos em startups no Brasil, é possível afirmar que a grande maioria da massa empreendedora já captou ou busca captar investimentos para o seu negócio. 

Em contrapartida, os fundos de investimentos e as empresas especializadas em Venture Capital ou Private Equity, também estão de olho nas oportunidades que o mercado vem oferecendo. Fator que possibilita ao investidor trabalhar com uma carteira variada de investimento, dentro do mercado de tecnologia, com uma gama de modelos de negócios que oferecem sim um crescimento escalável.  

E para realizar a decisão de alocar recursos ou não em uma empresa, o investidor deve utilizar de diferentes ferramentas, a fim de avaliar as condições macro e microeconômicas de uma potencial investida. É neste momento que a Análise Fundamentalista de Investimentos “entra em campo” para direcionar a avaliação do negócio em questão, buscando encontrar o fair value de quotas ou ações de uma empresa, e assim, o valuation programado para a operação de investimentos. 

A Análise Fundamentalista de Investimentos não é novidade no mercado financeiro. Sendo amplamente utilizada por investidores interessados em ativos do mercado de ações, por exemplo. O próprio Warren Buffet é reconhecido com um dos grandes promotores da escola de investimentos fundamentalista. 

Entretanto, quando aplicamos a Análise Fundamentalista para Investimentos em startups, devemos compreender certas diferenças no direcionamento da teoria, uma vez que os riscos inerentes a este mercado, que normalmente é composto por empresas em estágios incipientes de atuação, podem ser distintos dos riscos e retornos de companhias que comercializam suas ações na bolsa de valores. 

A Análise Fundamentalista de Investimentos em startups utiliza de índices econômico-financeiros, para precificar o valor intrínseco de uma empresa, conhecido também como um valor justo (fair value) de quotas ou ações, em comparação com o valor de mercado que esta empresa possui; A análise irá explorar a lacuna existente entre estas duas medidas de mensuração e alcançar o objetivo final de todo investidor: maximizar o retorno dos investimentos. 

Ou seja, o investidor que segue a linha da escola fundamentalista de análise de investimentos, vai prezar por investir em empresas que apresentam um fair value de suas quotas/ações abaixo do seu valor de mercado. Pois é através desta margem de diferença que se identifica o potencial de retorno do investimento. 

Estes investidores usualmente buscam empresas que possuam alta qualidade, modelos de negócios escaláveis e mercados aquecidos. E assim, mediante negociações que direcionam as expectativas das partes envolvidas na operação, e através dos resultados da avaliação da empresa em um processo de due diligence, o investidor consegue decidir se o investimento e a porcentagem de participação societária conferida valerão a pena, considerando os altos da operação. 

A escola que perpetua a Análise Fundamentalista de investimentos, trabalha com a sistemática de investimento e retorno em termos de longo prazo, buscando principalmente a intenção do investidor tornar-se efetivamente sócio ou acionista desta empresa no passar dos anos. 

Ou seja, além dos valores a serem investidos, o investidor da rodada deve demonstrar interesse nos objetivos sociais da companhia, a fim de auxiliar na alavancagem, readaptação do modelo de negócio ou qualquer atividade vinculada à sua operação que precise de um investimento efetivo. A relação entre investidor e administrador(es) da empresa investida, passa a ser tornar uma relação próxima e muitas vezes de co-dependência.

Nesta senda, é possível afirmar que a Análise Fundamentalista de Investimentos em startups busca promover também a avaliação macroeconômica do mercado, ao observar os choques externos que ocorrerão no momento do investimento e possíveis choques em cenários futuros, tanto internacionais como nacionais. 

A avaliação da estrutura microeconômica da empresa também é realizada, mediante análise do planejamento estratégico, demonstrações financeiras, quem são os sócios/acionistas e administradores, bem como e principalmente as previsões de crescimento e lucro da startup.

E após a análise ser concluída, com indicativos para prosseguir com o investimento, as operações são usualmente formalizadas através de Motores de Investimento. 

Para o mercado de startups, o tipo de Motor de Investimento a ser utilizado vai depender do estágio da empresa investida e da classificação do investimento que estará ocorrendo, como por exemplo, investimentos Série A à E podem exigir diferentes Motores. Entretanto, podemos destacar com grande certeza que há dois Motores de Investimento que se destacam no mercado, o Mútuo Conversível em participação societária e o Acordo de Subscrição de Quotas.

Estes Motores de Investimento possibilitam a regularização de aportes na sociedade, mediante a concessão de participação societária em forma de retribuição. Reforçando a ideia de que o investidor que segue a escola fundamentalista de investimentos, vai buscar investir na empresa para se tornar um efetivo sócio atuante em sua operação. 

Inclusive é importante destacar que recentemente, o Marco de Legal das Startups reconheceu o contrato de Mútuo Conversível, como um dos instrumentos jurídicos utilizados para promover o investimento no mercado de empresas de base tecnológica, como o mercado de startups nacional, sendo a primeira vez que o mecanismo é citado em legislação nacional. 

Se você ficou com dúvidas sobre como a Análise Fundamentalista de investimentos em startups pode ser aplicada no seu negócio, entre em contato com a nossa assessoria.

*Lopes é CEO do Silva | Lopes Advogados e Goldenfum é integrante do time do escritório.

 

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