ESG para startups

Startups que negligenciam as práticas ESG correm o risco de enfrentar penalidades civis e até mesmo penais

ESG para startups ESG para startups

Por Yasmine Mabel, Lucas Euzébio e Layon Lopes*

Environmental, social and corporate governance ou para os mais próximos, apenas ESG, significa (basicamente) os cuidados que a empresa está tomando nas frentes Ambiental, Social e Governança, representando esses três grandes pilares de atuação sustentável que está sendo muito demandado nos negócios, principalmente nas grandes empresas de tecnologia que atendemos diariamente no escritório.

 

Conteúdo:

O que é ESG?

Quais medidas que a startup pode adotar para reduzir seu impacto ambiental?

A responsabilidade da responsabilidade social corporativa

E, a governança corporativa?

O cumprimento das normas e regulamentações aplicáveis a seus negócios

Investimentos em ESG

 

Iremos entender abaixo o que é na prática a ESG e como ela funciona, demonstrando como a empresa pode e deve atrelar tais práticas a eficiência econômica. Podemos dizer que o tema é bastante polêmico, pois investir em “ambiental e social” é visto como um custo. No artigo, também vamos ver quais os impactos na adoção de tal prática nos dias de hoje. 

 

O que é ESG?

E – Environmental (Ambiental) – Como a empresa usa sua energia, descarta seu lixo e suas preocupações com emissão de gás carbônico e mudanças climáticas.

S – Social – Os cuidados com os colaboradores na empresa, saúde mental, segurança no trabalho, diversidade e inclusão.

G – Governance (Governança) Aqui podemos falar tanto do compliance interno como código de conduta, políticas contra o trabalho forçado e infantil, anticorrupção, antissuborno, antidiscriminatórias, condutas com fornecedores e, muito em voga, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

Muito se fala que os grandes fundos de investimento estão levando em consideração os critérios de ESG como sendo deal-breaker pro negócio. Arriscamos dizer, pela prática do escritório com grandes fundos e empresas espalhadas pelo mundo, que não são apenas os fundos. Empresas já estão refutando negócios que estejam em desacordo com as práticas de ESG, principalmente, empresas de tecnologia – onde grande parte da mão de obra e da direção são Millennials.  

Nessa linha, conforme expresso anteriormente e indicado no artigo “ESG + fintech: É possível?”, ESG são o conjunto de diretrizes e recomendações para concretizar boas práticas ambientais, sociais e de governança dentro das organizações, trazendo impactos positivos para a sociedade como um todo. As medidas consideradas como ESG estão cada vez mais em evidência no mercado, pois repassam à sociedade o compromisso de uma empresa em executar o seu modelo de negócio com sustentabilidade.

Ao contrário do senso comum, sustentabilidade vai muito além dos cuidados com o meio ambiente, pois ela abrange questões que vão desde o respeito aos direitos humanos, direitos trabalhistas até prevenção à corrupção. A partir da implementação de medidas ESG, a empresa impactará positivamente à sociedade, ao gerar lucros com responsabilidade, ética e transparência, aumentando a sua confiança perante a terceiros.

Quais medidas que a startup pode adotar para reduzir seu impacto ambiental?

Uma das medidas que uma startup pode adotar para reduzir seu impacto ambiental é a otimização dos recursos. Isso inclui a implementação de tecnologias eficientes e a reavaliação dos processos para eliminar o desperdício.

Além disso, a escolha de materiais sustentáveis e a redução do desperdício de matéria-prima são passos importantes para diminuir o impacto ambiental. A transição para métodos de produção mais limpos e sustentáveis não apenas beneficia o meio ambiente, mas muitas vezes resulta em uma maior eficiência e economia de custos para as startups.

As startups podem implementar políticas de redução de desperdício, assim como podem otimizar o consumo de energia através da utilização de iluminação LED, sistemas de monitoramento de energia e dispositivos com eficiência energética. Além disso, promover uma cultura de conscientização entre os funcionários sobre o uso responsável dos recursos naturais pode contribuir positivamente.

 

A responsabilidade da responsabilidade social corporativa

Uma das principais ações que uma startup pode implementar para contribuir para o desenvolvimento social é a adoção de políticas de inclusão e diversidade. Isso envolve criar um ambiente de trabalho onde pessoas de diferentes origens, gêneros e etnias se sintam valorizadas e representadas. Essas políticas não apenas promovem a igualdade de oportunidades, mas também enriquecem a cultura organizacional, estimulando a criatividade e a inovação.

Além disso, as startups podem incentivar a criação de programas de capacitação, que podem incluir a oferta de cursos de treinamento, workshops e mentorias para minorias na sociedade, visando proporcionar oportunidades de aprendizado e crescimento profissional.

 

E, a governança corporativa?

Uma governança corporativa eficaz inclui a definição de uma estrutura organizacional clara, com papéis e responsabilidades bem definidos. Nas startups, onde a agilidade é fundamental, uma governança sólida ajuda a evitar conflitos internos e a manter o foco na estratégia de negócios. 

Ademais, a governança corporativa assegura que as startups cumpram as exigências regulatórias e legais, evitando possíveis problemas legais. Isso é especialmente importante à medida que a empresa cresce e atrai investidores e clientes, que esperam que ela opere de acordo com as normas do mercado.

 

O cumprimento das normas e regulamentações aplicáveis a seus negócios

Muitas startups entendem que não é possível atrelar a eficiência econômica a boas práticas de ESG. Todavia é de suma importância para as empresas pensar em sua função primária, mas também nas funções sociais. 

Como o artigo 170 da Constituição Federal que disciplina que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. Ou seja, as startups são feitas de trabalhadores e sua comunidade. As práticas de ESG ajudam na compreensão dos interesses da comunidade, uma vez que o desenvolvimento sustentável está atrelado ao desenvolvimento econômico da empresa.

Vale ressaltar que as políticas e cláusulas contratuais de ESG são um modelo de gestão em que o meio ambiente, a sociedade e o retorno econômico da companhia são considerados de forma equilibrada na tomada de decisões. Podemos citar grandes empresas que tiveram prejuízos enormes ao não observar de maneira adequada as práticas de ESG: Petrobras (casos de corrupção), o caso de Brumadinho da Vale (Ambiental) e ultimamente o caso do Carrefour (ética, diversidade e discriminação). 

 

Investimentos em ESG

Por fim, podemos entender que a cultura e criação de políticas e guidelines baseadas na ESG trazem grande performance econômica para as empresas na geração Millennial. A  ESG, bem como as questões de LGPD, é um paradigma com o que o mercado enfrentava há dez anos atrás – quando se perguntava “invisto em compliance ou não? Parece coisas de empresa grande e não é pra mim”.

Hoje, os negócios são cada vez mais centrados em dados e o mercado irá fiscalizar, pois um ponto é inevitável: se você falhar em ESG e LGPD, além do dano a imagem da empresa, no outro dia, algum concorrente seu irá aparecer e dizer “aqui eu faço certo” e aí já pode ser tarde demais.

A importância da adoção de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) pelas startups vai muito além do simples desejo de atender às expectativas de uma sociedade cada vez mais consciente. A integração de princípios ESG nas operações de uma startup é essencial para atrair investidores e mitigar riscos associados a penalidades civis e penais.

Os investidores estão cada vez mais interessados em alocar recursos em empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. A ênfase na integridade, transparência e responsabilidade tem se tornado um critério-chave na tomada de decisão dos investidores, uma vez que empresas ESG geralmente são vistas como menos arriscadas a longo prazo e mais propensas a fornecer retornos sustentáveis.

Além disso, startups que negligenciam as práticas ESG correm o risco de enfrentar penalidades civis e até mesmo penais. O não cumprimento das regulamentações ambientais, a falta de transparência na governança corporativa ou questões sociais, como discriminação e práticas trabalhistas injustas, podem resultar em processos legais, multas e uma má reputação. Assim, adotar medidas ESG não é apenas uma escolha ética, mas também uma estratégia de gerenciamento de riscos inteligente para startups.

Dúvidas sobre ESG para startups? A equipe do Silva Lopes Advogados pode te ajudar!

*Lopes é CEO do Silva Lopes Advogados, Euzébio é sócio e Mabel é integrante do time do escritório.